A querida colega Eli de Fátima Napoleão de Lima, simplesmente Ly para seus colegas mais próximos, nos deixou no último sábado acometida de um câncer silencioso e cruel que, em tempos de pandemia, demorou a ser identificado e combatido.
Ly era historiadora, gostava de ser identificada assim e, apesar de sua pós-graduação em Ciências Sociais (no CPDA), nunca renunciou ao olhar de historiadora em suas disciplinas seja na Graduação, seja na Pós-Graduação (no CPDA/DDAS) ou na orientação de seus alunos. Excelente profissional, acadêmica rigorosa e grande conhecedora da História do Brasil como de seus intérpretes, se destacava por seu olhar cuidadoso e profundo sobre qualquer tema que estivesse trabalhando, para suas aulas, suas pesquisas e as de seus alunos, às quais tratava sempre com carinho e generosidade, que são suas marcas. Em 2019, teve a alegria de ter a tese de um de seus orientandos de doutorado (Valdênio Freitas Meneses) premiada pela Capes como a melhor tese em Sociologia.
Mas não era só na academia e na didática que a Ly deixou sua contribuição. Sua dedicação à instituição foi notória em várias conquistas nos diversos períodos como chefe de departamento (DDAS) e como vice-diretora do ICHS, entre os quais destaco os esforços envidados nas negociações para a incorporação ao patrimônio da UFRRJ de mais três andares do prédio em que se localiza a sede do CPDA. Apesar de lotada no DDAS, que funciona na Presidente Vargas, Ly frequentava a “Sede”, como ela gostava de dizer, constantemente. Era conhecida e desenvolveu amizade com servidores e colegas da administração assim como de outros departamentos, tratando-os com a proximidade que lhe era peculiar. A distância e o fato de não ter carro nunca foram empecilhos para o deslocamento no percurso dos oitentas e tantos quilômetros que separam sua residência e a “Sede”.
Como a mais antiga integrante na ativa do Programa de Pós-Graduação de Sociologia em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade (CPDA), vestia a sua camisa antes de colocar sua roupa para sair de casa. O CPDA era também a sua casa e a sua família, gostava de dizer. Frequentava cotidianamente sua sala que estava sempre aberta para quem precisasse de uma ajuda, seja profissional, seja pessoal. Sua solidariedade não tinha limites para quem quer que necessitasse e que ela pudesse atender. Todos eram seus “queridos”, como os tratava, e a cada um designava um apelido carinhoso que acabava se fixando à identidade da pessoa. Assim foi com o Regis, com a Rejú, com a Raquelucha, com o Rob, com o Rai e outros tantos…
Dizer que “deixou um vazio” ou “um buraco que nunca será preenchido” é pouco para falar da ausência da nossa querida Eli. Ela levou muito de nós com ela, mas deixou sua luz em nossos corações. Seremos responsáveis por manter essa luz acessa cultivando nossas relações como ela soube cultivar as suas: com muita alegria, um sorriso largo e carinhoso e muita generosidade e solidariedade, qualidades que se confundem na pessoa da Eli. Assim, homenagearemos a Ly e seremos melhores.
Profa. Maria José Carneiro
01/02/2022
Postado em 01/02/2022 - 16:26
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